terça-feira, 12 de julho de 2011

Reunião internacional sobre caça a baleias reacende debate sobre ações de Japão, Noruega e Islândia




Todos os anos, as imagens impactantes dão a volta ao mundo. Caçadores de baleias cravam os arpões nos mamíferos e eles sangram até a morte. A agonia dura uma hora. Defensores dos animais fazem, há décadas, campanha contra o negócio da carne das baleias. Para o Greenpeace, trata-se simplesmente de uma barbárie. A caça de baleias foi proibida em 1986 por uma moratória, mas três membros da Comissão Baleeira Internacional (CBI), Japão, Noruega e Islândia, se opõem e ignoram a proibição. Desde a última segunda-feira, a CBI realiza sua reunião anual na ilha britânica de Jersey. É praticamente certo que as negociações serão duras, mostra reportagem publicada no "El Mundo".
Quase ninguém consegue entender porque os três países continuam a insistir na custosa e pouco produtiva caça de cetáceos, apesar da forte oposição internacional. O consumo de carne de baleia está em baixa em todo o mundo. As tentativas de Noruega e Islândia de convencer os turistas a consumirem a carne do animal quase não tiveram sucesso. A concentração de substâncias tóxicas, entre elas o mercúrio, é alta. Também no Japão, onde anualmente são capturadas cerca de 800 baleias, no máximo 10% da população come a carne desses gigantes do mar, segundo as estimativas.
Há anos, a Noruega deixou de capturar a quantidade de baleias que tem autorizado. Em 2010, segundo os dados da organização defensora dos animais Pro Wildlife, a cota de captura permitida foi de 1.286 animais, mas apenas um terço dessa cifra foi caçada.
Algo similar ocorre na Islândia, onde anualmente se libera a captura de 150 baleias-comuns e cem baleias-anãs. O óleo de baleia, que no passado era comercializado como substituto do petróleo, praticamente não tem valor algum atualmente.
Ralf Sonntag, diretor na Alemanha do Fundo Internacional para a Proteção de Animais e seu Habitat (IFAW), sustenta que os países baleeiros baseiam suas decisões de continuar caçando em certos princípios. As três nações possuem uma importante tradição de navegação marinha. A Noruega argumenta sobretudo que as baleias dizimam determinadas populações de peixes. O Japão vende a sua caça de baleias como "ciência" mas, segundo o Greenpeace, alimenta os estudantes ou vende nos mercados.
A Islândia, que só em 2006 retomou a caça comercial de baleias, poderia ser o primeiro país a abandonar a captura de cetáceos. A nação, que passa por dificuldades econômicas, quer ingressar na União Europeia e a caça de baleias é um dos maiores obstáculos.
Sonntag navega com o barco de pesquisa "Song of the Whale", tendo partido de Londres em direção a Jersey, para acompanhar a reunião da CBI. O projeto é considerado em todo o mundo um dos laboratórios flutuantes líderes em pesquisas de baleias.
- Demonstramos que o estudo de baleias é possível também sem matar os animais - explicou Oliver Boisseau, responsável pelo trabalho científico a bordo. Os especialistas podem gravar os sons dos cetáceos usando microfones e realizar estimativas sobre o número d espécie dos animais.
Em Jersey, o tema tem um tratamento mais político. Acredita-se que o ponto central da reunião será a discussão sobre um documento que o Reino Unido pretende apresentar na mesa de negociações para estabelecer novas regras para os pagamentos das contribuições da CBI de parte dos países membros.
Os ambientalistas acusam abertamente a todos os países baleeiros, principalmente o Japão, de corrupção.
Ambientalistas acusam abertamente as três nações baleeiras, principalmente o Japão, de corrupção.
- Na última reunião, membros da delegação japonesa esperavam do lado de fora da porta com envelopes na mão - disse Sonntag. - Estes envelopes foram entregues aos embaixadores de países pequenos membros da CBI.
Os britânicos querem que o pagamento da contribuição necessária para ter direito a voto seja por transferência bancária. Atualmente, alguns pequenos países fazem o pagamento em dinheiro.


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