Grupo sai de Caravelas (BA) e segue para arquipélago de Trindade (ES).
Observação de baleia jubarte será feira a 1,3 mil km da costa brasileira.
Um grupo de seis biólogos e pesquisadores da Bahia e de Santa Catarina vão partir, na terça-feira (10), em uma expedição para observar baleias jubarte na costa brasileira. O destino final da viagem, que tem previsão inicial de durar 20 dias, será o arquipélago de Trindade, no Espírito Santo. O ponto é considerado pelo grupo como local inédito de observação das baleias.
A embarcação sairá de Caravelas (BA) com dez pessoas, entre tripulação e pesquisadores, e deve chegar ao arquipélago depois de cinco dias de navegação por cerca de 1,2 mil quilômetros. "Optamos por esse local depois de ouvirmos relatos de pescadores e de pessoas que passaram pelo arquipélago e nos comunicaram terem visto baleias jubarte. Em 22 anos de pesquisa, é a primeira vez que temos informação sobre a aparição de baleias naquela região", disse Leonardo Wedekin, biólogo e pesquisador do Instituto Baleia Jubarte (IBJ).
A pesquisa de campo vai incluir mergulhos para identificar e catalogar a fauna marinha, além de analisar o comportamento de cetáceos como a própria baleia jubarte, cachalotes e golfinhos. "Na região, há uma cadeia de montanhas submersas. Acreditamos que essa característica possa permitir que a gente encontre muitos animais, incluindo até tartarugas marinhas", disse Wedekin.
O grupo de pesquisadores está dividido em quatro biólogos, um engenheiro e um cinegrafista especializado em registrar atividades subaquáticas. "Em terra, os equipamentos, medicamentos e demais suprimentos já foram checados. A embarcação chega a Caravelas neste domingo [8]. Quando estivermos na água, vamos identificar os pontos de visualização das baleias para depois fazermos a identificação delas pelas marcas naturais. A nossa abordagem de pesquisa é diferenciada, pois não instalamos nenhum tipo de aparelho ao corpo dos animais", afirmou Wedekin.
O pesquisador explicou que essa estratégia de identificação é suficiente pelo arquivo de imagens que o IBJ tem das baleias que circulam pelas águas brasileiras. "Temos mais de três mil baleias cadastradas. Por isso não será difícil saber se as baleias que já pesquisamos também circulam pelas águas do arquipélago [de Trindade]", disse Wedekin.
Os biólogos esperam coletar amostras de tecido para posterior confecção de um laudo genético. "Além das marcas físicas de cada uma delas, vamos analisar o DNA em um cruzamento com as informações que temos das três mil baleias em nosso registro. A ideia não é identificar a rota que elas fazem, mas até teremos como estabelecer isso", afirmou o pesquisador.
A viagemA expedição sai de Caravelas até o arquipélago de Abrolhos. O trajeto deve ser feito em quatro horas, segundo os pesquisadores, já que o barco, que tem dois motores e é munido de velas, navega a uma velocidade média de 20 km/h (cerca de 10 nós).
No dia seguinte, a equipe segue para o primeiro ponto, próximo da região de montanhas submersas, a 155 milhas náuticas de Abrolhos, o que equivale a aproximadamente 280 quilômetros de distância.
No terceiro dia de viagem, os pequisadores pretendem passar por outros cinco pontos previstos para mergulhos e visualização de baleias, em um trajeto de 217 milhas náuticas, cerca de 390 quilômetros.
No quarto dia, o grupo passa por mais dois pontos com rochas submersas. O trajeto tem 201 milhas náuticas, cerca de 360 quilômetros. O último estágio da viagem até o aquipelágo de Trindade deve demorar aproximadamente dez horas, em uma navegação de 86 milhas náuticas, cerca de 154 quilômetros.
A partir daí, o grupo vai ficar embarcado por dez dias, quando espera fazer os registros inéditos de baleia jubarte, perto do arquipélago de Trindade. A expedição inicia o retorno à costa baiana no dia 24, com chegada prevista a Caravelas em 29 de agosto. "Esperamos desenvolver algum plano de preservação da área do arquipélago de Trindade, principalmente se confirmarmos a presença de baleias jubarte por lá. Já temos registros de caça submarina no local e isso pode comprometer a vida marinha", disse Wedekin.