domingo, 8 de agosto de 2010

Lixo orgânico. O que você pode fazer?



DESCARTE CORRETO

Embalado para o futuro

Um terço do lixo da nossa casa é composto por embalagens. Saiba o que fazer para que esses invólucros não se tornem inimigos da natureza

O lixo brasileiro é dos mais ricos do mundo em matéria orgânica.
A atitude inovadora contribui para diminuir os lixos nos aterros sanitários. Os resíduos orgânicos são coletados e transformados em ricos nutrientes para o solo.

Imagine que você acaba de chegar do supermercado e vai desempacotar as compras. Primeiro você tira a banana da sacola e depois do plástico-filme que a envolve. Então é a vez de o sabonete sair da sacola plástica e da embalagem de papel. O peixe para o almoço faz um caminho mais longo: é tirado da sacola, do plástico-filme e da bandeja de isopor antes de cair na frigideira.
Ao fim de uma cena como essa, se você der uma conferida na sua lixeira, vai se espantar com a quantidade de embalagens que tiveram uma vida útil relâmpago. Nada contra as embalagens, que fique claro, elas são essenciais para a integridade dos produtos. Mas será que precisamos de tantas assim? Não responda agora, primeiro leia o que vem a seguir.
Um terço do lixo doméstico brasileiro é composto por embalagens, os outros dois terços por comida. E 56% de todo o lixo plástico é feito de embalagens usadas. Pudera. Só de sacolas de supermercado é distribuído 1 bilhão por mês no Brasil. No mundo todo é consumido 1 milhão de sacos plásticos por minuto.
Agora junte os fatos: o plástico é um derivado do petróleo e leva séculos para se decompor, porém foi inventado há menos de 80 anos. Já dá para imaginar a quantidade de plástico que vaga por aí, em algum lugar do planeta. O pior é que eles entopem rios e bueiros, causam inundações e desembocam no oceano, matando animais que os confundem com comida.
Na Normandia, França, foram encontrados 800 quilos de plástico no estômago de uma baleia morta. Mas esse não é o único vilão. Quando compactado, o isopor se reduz a quase nada, levando em conta que 95% de sua composição é ar, o que o deixa pouco atraente para a reciclagem.
Sem outro jeito, ele acaba indo para os aterros e lixões, onde prejudica a decomposição do lixo biodegradável, já que não se compacta facilmente - pelo contrário, leva 400 anos para se decompor. 

O QUE VOCÊ PODE FAZER
Quando for às compras, leve sua própria sacola. Engaje-se na campanha "Eu Não Sou de Plástico", que acaba de ser lançada para incentivar as pessoas a usarem sacolas retornáveis, tal qual antigamente.
Se você precisar pegar a sacolinha plástica do supermercado, não exagere na dose. Prefira as embalagens com maiores quantidades para os alimentos não-perecíveis.
"Se você pegar cinco sacos de arroz de 1 quilo, abri-los numa mesa lado a lado e depois fizer o mesmo com um de 5 quilos, vai ver que este último usa menos material", diz Géssica Elen, consultora do Instituto Akatu. Evite o embalado um a um. Por que não comprar a garrafinha de 1 litro de iogurte em vez daquele punhado de copinhos?
Na seção de queijos e frios, peça para cortar seu produto na hora e embrulhar apenas no plástico-filme, sem isopor. Na área de frutas, legumes e verduras, corra atrás dos produtos a granel (se não encontrar, avise o gerente ou deixe um recado naqueles papéis para sugestões).
Passe reto se vir duas berinjelas embaladas em isopor com plástico-filme. Pense bem: só aí já são duas embalagens. Se você põe na sacolinha do supermercado, viram três. Se colocar direto na sacola retornável, reduz as embalagens a zero.
Dê preferência aos produtos com refil e aos retornáveis. Hoje já existem embalagens de cosméticos e produtos de limpeza de PET reciclado. Se a embalagem for de papelão, prefira o pardo, que pode ser feito de material reciclado e não passa pelo processo de branqueamento, muito poluente.
Além do mais, o material mais bruto ainda contém substâncias da árvore, como a lignina, o que facilita sua degradação.
Fique atento aos selos de reciclável e reciclado nas embalagens. Ao contrário de países como Alemanha, Estados Unidos e Japão, que possuem selos ambientais para embalagens concedidos por certificadoras, no Brasil prevalece a autodeclaração.
Assim, se você
desconfiar de alguma informação no rótulo, procure o atendimento ao cliente da marca, o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) ou o Conselho Nacional de Auto-Regulamentação
Publicitária (Conar).
Como esse tipo de rotulagem não é obrigatório, nem sempre as marcas adotam. "O consumidor deve dar preferência a quem colocou o símbolo, para incentivar que outros fabricantes também o coloquem", diz Reynaldo Galvão Antunes, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

DEPOIS DO CONSUMO
Reaproveite as embalagens. Transforme as latas de óleo e azeite em vasos de planta. Ok, essa é velha. Mas uma boa idéia para quem mora sozinho é usar o pote da margarina ou o copo da geléia para guardar o feijão que sobrou do almoço ou para congelar pequenas porções de comida.
Use sacolas de papel ou caixas de papelão para colocar o lixo. Se você é daqueles que se justificam quanto à sacolinha de supermercado, dizendo que a utiliza para botar o lixo, atenção: assim elas não vão parar de se proliferar e ainda vão atrasar a decomposição do que estiver dentro, já que demoram séculos para se desfazer.
O que não der para reaproveitar, separe para reciclagem. Deixe de preguiça, temos boas notícias: você pode separar apenas o resíduo seco (papel, plástico, metal e vidro) do orgânico.
Nas recicladoras, o material passa por uma triagem. Se você fizer a sua antes, de qualquer forma esse trabalho será feito outra vez. Quer ajudar? Deixe os resíduos o mais limpo e compactado possível.
Se a coleta seletiva de sua cidade é capenga, saiba que cada vez mais surgem cooperativas de catadores que aceitam o material e que os pontos de coleta nas cidades estão crescendo, inclusive nos supermercados.A rede Pão de Açúcar possui postos de coleta em 100 lojas no país.
Exemplo de animar é o do supermercado Modelo, em Cuiabá (MT). Quem deposita latas de alumínio e garrafas PET em seus postos para reciclagem ganha bônus para pagar a conta de luz. E, se idéia boa é para se copiar, aqui vai uma que bem podia ser reproduzida por aí: o Caixa Ecológico, do supermercado Festval Barigüi, em Curitiba. Idéia do projeto de mestrado da designer Dulce Albach, funciona como um caixa comum, com a diferença de que possui um contêiner para a pessoa já deixar ali mesmo as embalagens que jogaria no lixo ao chegar em casa, como a caixinha do creme dental. O material é encaminhado para a reciclagem.
Assim, começa um novo ciclo de vida e a história toda se repete, desde o início.
NA INTERNET
Conheça pontos de coleta de reciclagem no país, saiba como separar resíduos e acesse links sobre o impacto das embalagens no meio ambiente: www.revistavidasimples.com.br